Divórcio e felicidade são duas palavras que parecem incompatíveis, principalmente se o divórcio não acontecer por vontade própria. Como dar a volta por cima em um momento tão difícil?
A primeira coisa a fazer é dar tempo ao tempo. Respeite seus sentimentos e o ritmo do seu corpo para se recompor. Como falamos neste post, há uma série de etapas pelas quais passamos sem perceber ao sofrer uma perda. Talvez queimar alguma delas seja natura para você, talvez não. Respeite-se antes de mais nada.
Em segundo lugar, saiba que somos responsáveis pela nossa própria felicidade. Pode parecer uma frase batida, mas é uma verdade científica. Segundo Dan Gilbert, há dois tipos de felicidade: a natural e a sintética. A primeira é a que sentimos quando conquistamos exatamente o que queríamos. Quando nosso trabalho é bem recebido ou nosso time ganha um jogo, por exemplo. A segunda, alcançamos ao não conseguirmos o que queríamos. É um mecanismo do cérebro que faz com que sejamos tão ou mais felizes do que seríamos se tivéssemos conseguido o que desejávamos originalmente. Por exemplo, se o seu time nao ganhou o jogo, mas conseguiu se classificar para o campeonato.
É como aquela música dos Rolling Stones: “You can’t always get what you want – but if you try sometimes well you just might find / you get what you need”, que significa “você não pode sempre conseguir o que quer – mas se tentar, algumas vezes você pode conseguir o que precisa”.
Quando o divórcio acontece, é porque uma das partes não estava feliz. E, antes de fazer outra pessoa feliz, é necessário estar bem consigo mesmo. Ninguém consegue viver uma relação leve, saudável e companheira se não está feliz. O divórcio permite às duas partes encontrarem outras pessoas que as complementarão, mesmo que às vezes a dor seja tão grande que não permita enxergar um futuro alegre.
Se você está passando por dificuldades com o final de um casamento (ou de um relacionamento), lembre-se de que ser feliz (natural ou sinteticamente) cabe só a você. Quanto antes você retomar as rédeas da sua vida, mais cedo voltará a se sentir realizada(o). Não apegue-se a um relacionamento por medo ou insegurança.
O temor de não conseguir encontrar em outras pessoas um amor tão forte acontece por conta de outro mecanismo do cérebro, que nos leva a supervalorizar aquilo que não podemos mais ter, ou que está fora do nosso controle. Outra consequência trágica é se culpar pelo término da relação. Nesta hora, é natural focar a atenção no que aconteceu de errado, em como poderíamos ter agido diferente e fazer o outro mais feliz. Apesar deste tipo de reflexão ser saudável, a pergunta mais importante não é o que a outra pessoa queria, mas sim o que você queria do relacionamento e o que continua querendo para o próximo. Será que você estava realmente feliz e tirando o que gostaria desta união ou estava fabricando a “felicidade sintética” em superdoses? O fim da relação pode ser exatamente “o que você precisava”, sem que você soubesse.
Vale a reflexão.